Estudos lançados recentemente têm comprovado de fato a importância de se investir na educação e, principalmente, realizar um curso profissionalizante e completar o Ensino Médio para ingressar no mercado de trabalho de forma qualificada. Os dados dizem ainda que, quanto mais cedo for a inserção do jovem, maior é o risco do sub-emprego, o que dificultará depois a sua ascensão profissional.
Mas, esse cenário não fica apenas nos números e tabelas de pesquisas. Este é sim o panorama observado na prática. Portanto, quem está em busca de um emprego precisa ficar atento ao que o mercado está exigindo. Ter mais de 18 anos e Ensino Médio completo já não são mais diferenciais, mas sim ponto de partida para a procura de um posto de trabalho, segundo a opinião de consultoras ouvidas pelo Portal Busca Jovem.
Ariana Carla Sobreira, do Banco Nacional de Empregos, trabalha com uma média de 60 novas vagas por mês – podendo chegar a 200 em época de datas comemorativas – voltadas aos jovens de 18 a 26 anos, principalmente na área de atendimento aos clientes e vendas. Segundo ela, o mais importante é ter conhecimentos básicos em informática e/ou digitação, demonstrar comprometimento, ter boa comunicação e, em alguns casos, residir próximo ao local de trabalho. Há ainda empresas que solicitam aos candidatos experiência na área, mas isso não é regra.
Para Ariana, os jovens que estão em busca do primeiro emprego devem ficar atentos para evitar a postura apontada pela diretora da Id Consulting. Fazer cursos profissionalizantes e participar de palestras ou trabalhos sociais são iniciativas que contribuem para desenvolverem a postura necessária ao ambiente corporativo. "Acredito ainda que os jovens devem procurar emprego pela internet ou por meio de consultorias de RH que façam essa ligação entre jovens e mercado de trabalho. Isso porque, entregar currículo em agências de emprego, que não trabalham com este tipo de vaga e perfil, é perda de tempo. O melhor é buscar o site da empresa e se cadastrar", aponta, lembrando que os meses mais movimentados são março, maio, agosto, novembro e dezembro, devido às vagas temporárias.
"O mercado, em geral, entende que o jovem que ainda está cursando o Ensino Médio é um estudante que não está pronto para assumir uma posição profissional. Para as empresas, o jovem tem que usar o seu tempo para estudar, aprimorar-se, aprender, adquirir mais conhecimentos. Esse tempo de estudos, com a dedicação necessária, é importante, pois o mercado exige certas habilidades, que, para serem desenvolvidas, requerem uma base, sem a qual o jovem não vai adquirir outras competências. Para ingressar num mercado de trabalho competitivo, que exige resultados, ele precisa desse amadurecimento, com o qual terá mais chances de crescimento e de se sustentar dentro destas estruturas empresariais", destaca Cristina Simões, diretora de Desenvolvimento e Qualidade da Id Consulting, consultoria que trabalha com uma média mensal de aproximadamente 600 vagas/mês voltadas para jovens, em três perfis: primeiro emprego, callcenter e trainee.
Cristina destaca que, normalmente, as vagas disponíveis são preenchidas com certa rapidez. Mas, o que ocorre muitas vezes é a dificuldade de encontrar jovens candidatos que estejam preparados para ingressar no mercado. Com isso, eles acabam não passando nem pela triagem inicial. "Eles são barradas logo nos requisitos mínimos exigidos, que são: bom português, postura, paciência, disciplina e até a atitude de saber perguntar, conversar e criticar", aponta a consultora. Pela falta desses requisitos, é comum acontecer, segundo a Id Consulting, um recrutamento de 20 candidatos para conseguir preencher somente uma vaga.
O jovem passa por diversas fases durante o processo seletivo. A primeira etapa é o envio de currículos para a consultoria. Quando há o interesse pelo candidato, a consultoria o convida a vir ao local de seleção, onde preenche uma ficha e faz uma entrevista de triagem. É nessa entrevista que são observados os requisitos mínimos apontados por Cristina, além do grau de escolaridade, documentação, entre outros itens. Na terceira etapa, são aplicados testes práticos, como provas de português, matemática, informática, de atenção concentrada e redação. Depois, os candidatos participam de mais uma entrevista de competência, ou seja, o entrevistador busca entender como o candidato consegue aplicar aquele conhecimento que ele diz ter. Ao passar por esta fase, o jovem participa então de uma dinâmica de grupo, que visa checar suas habilidades sociais e comportamentais, como trabalho em grupo, iniciativa, capacidade de negociação, colaboração etc. A partir daí, a consultoria então direciona o jovem para a empresa empregadora.
Ou seja, para se destacar num processo seletivo, o jovem precisa estar atento a uma série de recomendações comportamentais, além de estar preparado para mostrar o domínio da língua escrita e falada e o raciocínio lógico. Em alguns casos, outros requisitos também são exigidos pelas empresas.
Dentre todos os critérios de seleção, o mais forte e decisivo na maioria dos casos é o "velho e bom português", ou seja, saber pronunciar corretamente as palavras, construir frases com concordância verbal e nominal, conectar as idéias - ter início, meio e fim -, falar de maneira objetiva e coesa, entre outros aspectos. "Medimos muito também a simpatia e a segurança com que o indivíduo coloca suas idéias, isso sem falar na postura", aponta Cristina. Ela lembra que a atitude do jovem é fundamental: "muitos são reprovado antes da triagem, pois chegam atrasados ou, depois de cinco minutos de espera, já estão deitados ou dormindo nas cadeiras".
As organizações que formam jovens podem se valer das dicas dessas consultorias de RH para prepará-los para esse momento de seleção. Parece bobagem, mas alguns comportamentos corriqueiros podem tirar as chances do emprego, como explica Cristina, da Id Consulting: "há candidatos que estouram chicletes ou ficam conversando e atrapalham o andamento das atividades". "Eles precisam entender que um ambiente empresarial não é um espaço estudantil. A estrutura formal do trabalho exige condutas ligadas à disciplina", completa ela.
As dicas para os jovens não se limitam apenas ao ingresso no mercado de trabalho. Conseguir manter-se no emprego e ainda crescer profissionalmente também exige muita dedicação e uma postura adequada. Envolvimento, comprometimento, iniciativa, disciplina, organização e geração de resultados devem fazer parte do dia-a-dia. "Se o jovem colocar tudo isso em prática, as chances serão dobradas não só no sentido de conseguir emprego, mas de crescer dentro das organizações", reforça a diretora da Id, lembrando que muitas empresas buscam justamente novos talentos.
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