Reportagem: Bruna Bittencourt - Edição: MdeMulher
Mais elogios do parceiro, mais tempo para cuidar de si mesma, conseguir
a tão sonhada barriga durinha, uma vida mais saudável. Esses foram alguns dos
desejos apontados pelas 1283 mulheres de todo o Brasil, com idade entre 20 e 59
anos, que participaram de uma pesquisa exclusiva de CLAUDIA. O estudo fornece um retrato da autoimagem e da autoestima da
brasileira - e de como nos relacionamos com a beleza no dia a dia. Revela um
dilema contemporâneo comum: sabemos o que é certo e o que nos faz feliz, mas
nem sempre colocamos em prática. Pior: muitas de nós vivem à espera de elogios
e reconhecimento dos outros . Ainda gastamos tempo demais batalhando por
sucesso na carreira e estabilidade financeira ou assumindo todas as
responsabilidades e deixamos um pouco de lado o cuidado nosso de todo dia.
"Se não se cuidam, as mulheres não se sentem felizes nem bonitas. Como
consequência, precisam recorrer a cirurgias plásticas e anseiam pelo
reconhecimento do parceiro. Caso não venha, há frustração. É um ciclo",
analisa a psicóloga Angelita Scárdua, de Vitória. A seguir, os resultados, com
comentários e dicas dos experts.
Os
cuidados do dia a dia
· 74% afirmam que estar feliz é o principal fator para se sentir bonita
· 32% gastam mais tempo cuidando do cabelo do que do restante do corpo. e 38% gastam mais dinheiro
· 75% acreditam que levar uma vida saudável e ter boa saúde são fatores
determinantes para a beleza, mas só 49% mantêm uma alimentação equilibrada e
apenas 32% se exercitam.
· 12% acreditam que a genética determina a beleza
· Hoje há inúmeras técnicas capazes de driblar a hereditariedade, e o estilo de
vida se tornou mais importante do que nossos genes. "As exceções são a
flacidez da pele e as regiões de pescoço, mãos e pálpebras, que têm uma
resposta menor a tratamentos", explica a médica Samanta Nunes.
· Usar hidratante (71%), tingir os fios (68%) e estar sempre com as unhas feitas (58%) são os três cuidados citados como essenciais. Deles, apenas o
hidratante é endossado como prioritário pelos especialistas. Ter uma dieta
balanceada, praticar exercícios, aplicar protetor solar e cremes com
antioxidantes todo dia são as atitudes mais recomendadas por médicos.
· 65% garantem não estar seguindo nenhum tipo de dieta
· 58% gastam até 30 minutos cuidando da beleza diariamente. "Se contarmos
apenas a atenção à pele, está OK", avalia Samanta. Mas, incluindo a
atenção aos fios e os exercícios, é pouco tempo. O ideal seria uma hora e meia
dedicada à beleza todo dia.
Hábitos
de compra
· 53% gastam entre 50 e 150 reais por mês com produtos de beleza
· 55% compram produtos de beleza de revendedoras e 47% nas farmácias
· 49% gostam de misturar produtos nacionais e importados no nécessaire
Cirurgia Plástica
· 78% são simpatizantes. Do grupo; 44% ainda não se submeteram a nenhuma
operação, mas gostariam de fazer
· 2% apenas estão satisfeitas com a barriga. A abdominoplastia, entretanto, aparece em quarto lugar entre as
cirurgias mais realizadas pelas mulheres. "É uma operação demorada, que
deixa uma cicatriz grande e tem pós-operatório dolorido. Talvez isso afugente
as pacientes", pondera o cirurgião plástico Alexandre Mendonça Munhoz, do
Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Há ações de prevenção. "Sempre
trabalhamos pernas e bumbum ao caminharmos. Já o abdome é um músculo que
permanece relaxado o dia todo", afirma a dermatologista Samanta Nunes, de
São Paulo. A sugestão é acostumar-se a contrair a região ao longo do dia para
enrijecer a área.
· 19% já fizeram cirurgia nas pálpebras. No país, houve aumento de 120% nos
últimos quatro anos desse tipo de operação, segundo estimativas.
· Entre as mais jovens, de 20 a 29 anos, o implante de silicone aparece como a plástica mais desejada
(55%). Já entre as mulheres acima de 50, a porcentagem cai para 10%.
· 55% gastariam entre 3 mil e 5 mil reais em uma cirurgia plástica.
· 62% das que têm até 29 anos reparariam os efeitos da gravidez. Já 50% das que
têm mais de 50 fariam cirurgia por causa dos sinais da idade.
· Lipoaspiração na barriga e implante de silicone empataram como as operações
mais realizadas, com 28% e 27%, respectivamente. Segundo a Sociedade Brasileira
de Cirurgia Plástica (SBCP), no último ano a lipo ultrapassou o implante de
silicone e voltou a ocupar o topo da lista das plásticas mais realizadas no
país.
· 7% fizeram lifting. "É pouco se
comparado ao passado", diz Alexandre. Para ele, isso se deve às técnicas
pouco invasivas de combate aos sinais da idade, como laser e toxina botulínica.
"Elas optam pela plástica como último recurso", completa.
Autoimagem
e autoestima
· 92% acham que é
preciso cuidar da aparência para se sentir bem
· 42% se dizem satisfeitas com o visual e 52% alegam ter excelente autoestima
· "Talvez o discurso esteja descolado da realidade. Se a mulher estivesse
tão bem consigo mesma, não recorreria tanto a cirurgias plásticas",
ressalta a psicóloga. Segundo a SBCP, o Brasil é o segundo país do mundo que
mais faz cirurgias plásticas, atrás dos Estados Unidos.
· Em todas as idades, olhos e rosto, respectivamente com 21% e 15%, estão entre
as partes do corpo de que elas mais gostam, seguidas do cabelo, com 14%. Isso
mostra que as mulheres valorizam detalhes e características tipicamente
femininos. Já o apego pelo cabelo remete a uma marca de nossos tempos: o
imediatismo, pois é um de nossos traços mais mutáveis.
· 75% das que têm acima de 40 anos creem que parecem mais jovens. "Prolongamos a vida ativa no trabalho, nos
cuidamos mais, começamos novos projetos nessa idade. É uma nova percepção sobre
nós mesmas", acredita Angelita.
· 95% alegam que as mulheres estão preocupadas em parecer mais jovens
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